sexta-feira, 6 de maio de 2011

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA OBRA GUERNICA

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA OBRA “GUERNICA” DE PABLO PICASSO.
Aluno responsável: JORDAN MATURIZEM -         1ªB – Ensino Médio



Em primeiro plano no quadro, está uma figura fragmentada com a cabeça cortada, à esquerda, e um braço também cortado, ao centro, agarrando uma espada quebrada, emblema bem conhecido da resistência heróica. Junto à espada quebrada encontra-se uma flor, como uma mensagem de esperança numa vida nova, apesar das tentativas do Homem para a destruir constantemente. A comovente delicadeza da flor parece aumentar o horror geral da cena caótica. 
Ao contrário da afirmação do pintor acerca do touro presente no quadro, representar a brutalidade, a imagem é ambígua, não parecendo selvagem, estando a abanar o rabo. A presença do touro deve-se também ao fascínio que Picasso sempre sentiu pelo espetacular e brutal desporto nacional : a tourada- aparecendo freqüentemente a imagem de arena nos seus trabalhos. 
Entre as complexas imagens cubistas de "Guernica?, a mãe e o filho são imediatamente interpretados. Uma criança morta, pende inerte nos braços da mãe. O grito da mãe está representado pela língua que sugere a um punhal ou um estilhaço de vidro. Formas semelhantes aparecem um pouco por todo o quadro. A angústia no rosto da mulher que segura a criança é especialmente penetrante, talvez aumentada pelo contraste entre o estilo do rosto e a representação mais convencional da criança. 
Embora Picasso raramente desse interpretação aos seus trabalhos, que disse que o cavalo ou a angústia do cavalo, que se encontra no centro, representa o Povo. 
Por cima da cabeça do cavalo, está um candeeiro elétrico aceso, em forma de sol, que sugere o "olho de deus" que tudo vê. 
No lado direito do quadro, duas mulheres olham horrorizadas para o cavalo ferido com medo e pena, sugerindo certas semelhanças, em conceito e semelhança, com as imagens de Cristo na cruz e a presença das três Marias em cena. Picasso procurava talvez uma imagem moderna e secular para exprimir o sofrimento humano, mas uma que não tivesse qualquer simbolismo cristão explicito. 
A figura à direita do quadro parece estar a ser consumida pelas chamas de um edifício a arder. Esta figura é também freqüentemente comparada à figura central de "os fuzilamentos" do 3 de Maio de 1808 de Goya. Existe ainda uma semelhança entre os elementos que levaram a ambos os quadros: os dois foram atos de selvagem brutalidade contra pessoas inocentes.

Na lateral direita inferior, pode-se ver a figura de uma mulher que parece sair da escuridão para dentro do cone de luz. 
Sua expressão de completo esgotamento, como se carregasse um grande fardo, e seu rosto erguido na direção da luz pode ter uma certa semelhança com as imagens de Jesus Cristo carregando a cruz. 
No lado direito superior e ao centro, logo ao lado da figura de um homem com os braços levantados, vemos uma figura que parece surgir, suavemente, por debaixo das telhas. Essa figura, com o rosto dominador, e que vem do infinito, olha horrorizada para o cavalo ferido. Repare que ela está boquiaberta, como se não acreditasse no que estivesse vendo.
Essa imagem talvez seja uma tentativa de exprimir o sofrimento humano, mas sem simbolizar explicitamente o cristianismo.
No centro superior da tela, próximo à cabeça do cavalo, existe um braço, que se parece como uma nuvem. A sua mão disforme segura uma lamparina a óleo, muito comum nas casas de camponeses.
Ao lado da lamparina, sobre a cabeça do cavalo, está uma espécie de lâmpada elétrica. Devido ao seu formato de sol, essa figura pode sugerir o "olho de Deus", que vê tudo vê. Repare ainda que até mesmo essa luz parece "gritar de horror".
Essa lamparina emana uma luz suave, que talvez represente a luz da consciência.
Na parte central do quadro, vemos um cavalo em agonia. Repare que ele está caído de joelhos, como se estivesse sentindo as terríveis dores causadas pela lança fincada em seu corpo e por uma enorme ferida ainda aberta.
A cabeça do cavalo está voltada para o touro. Da boca do cavalo parece sair um rugido feroz, um misto de ira e dor. Repare que esse "urro" parece estar direcionado para a figura do touro, ao lado.
O cavalo pode representar a angústia do povo espanhol. No entanto, essa figura é ambígua, pois segundo alguns críticos de arte, o cavalo, devido aos traços rígidos, que beiram o patético, representam o general Franco.
Na lateral direita superior (visão do observador) destaca-se a figura de um homem com os braços levantados, boca aberta e pescoço muito comprido. Essa figura pode simbolizar duas coisas: o homem, que está apavorado, devido aos seus traços torcidos, tenta deter as bombas que são lançadas sobre a cidade. Uma outra hipótese é que essa figura faz analogia a figura principal da obra "Os fuzilamentos" do 03 de maio de 1808 de Goya.
No lado esquerdo da tela encontra-se o touro. Essa é também é uma figura ambígua, pois nele pode estar representada a resistência do povo espanhol. No entanto, o touro, que representa brutalidade, pode simbolizar o general Franco. 
Repare que o touro está parado, abanando a cauda, como se, "após um ataque bem-sucedido", recuasse para ver os "estragos feitos no adversário" e se preparasse para o próximo ataque. A presença do touro deve-se também ao fascínio que Picasso sempre teve por touradas, esporte nacional, que aparece freqüentemente em suas obras.
Uma vez questionado sobre a ambigüidade existente entre as figuras do touro e do cavalo Picasso disse: "Este touro é um touro, este cavalo um cavalo (...). É preciso que o público, os espectadores, vejam no cavalo, no touro, símbolos que eles devem interpretar como os compreendem". (extraído da obra Mundo; Homem; Arte em Crise de Mário Pedrosa)
Dentre tantas figuras complexas existentes em "Guernica", a mãe, que carrega uma criança morta nos braços, talvez seja a de mais fácil interpretação. 
Nessa imagem percebe-se claramente a dor que sente uma mãe quando perde um filho. Não só essa mãe, ou só as mães da cidade de Guernica, mas sim todas as mães do mundo, ou seja, essa dor é a mesma dor que tiveram as mães americanas e vietnamitas quando perderam seus filhos na guerra do Vietnã.
m dias mais atuais essa dor é a mesma dor das mães da Favela de Vigário Geral no Rio de Janeiro, ao verem seus filhos brutalmente assassinados. É também a dor das mães que viram seus filhos serem covardemente assassinados no atentado do World Trade Center em Nova York.
Voltando a Guernica, o grito da mãe é representado por sua língua pontiaguda, que nos faz lembrar um estilhaço de vidro ou, até mesmo, um punhal. Vale lembrar que "cacos" semelhantes aparecem em outras partes do quadro.
A figura da mãe ainda ajuda a aumentar um pouco a discussão sobre o que pode simbolizar o touro e o cavalo.
Repare que a mãe está quase que envolvida pelo touro e seu grito parece ir praticamente em sua direção. Sob a ótica de que o touro simbolize o povo, a figura da mãe procura a proteção do povo e "grita" para compartilhar a sua dor com ele.
No entanto, sob ótica de que o touro o General Franco, pode-se dizer que a mãe procura fugir, já com seu filho morto, do meio de toda aquela brutalidade, pois ela parece caminhar em direção à porta. No entanto, o touro a impede de concluir seu intento. Essa teoria é reforçada pelo próprio momento histórico: quando os sobreviventes do ataque aéreo tentaram fugir para os arredores da cidade, eles foram alvos das rajadas de metralhadora disparadas pelos caças nazistas. Além disso, a semelhança entre a língua pontiaguda da mãe com a língua, também pontiaguda, do cavalo permite concluir que tanto o cavalo como a mãe "gritam" de forma semelhante, ou seja, ambos são vítimas da brutalidade.
Toda a lateral inferior esquerda do quadro é ocupada por uma figura totalmente mutilada, que pode ser assemelhada uma espécie de guerreiro. Repare que, apesar de ter a cabeça e os braços cortados, o guerreiro está agarrado a uma espada quebrada, simbolizando assim a resistência do povo espanhol. Próxima a sua mão, ainda contraída em torno da espada quebrada, encontra-se uma flor, símbolo da esperança de uma nova era. 
A flor, símbolo da esperança, quase que unida à espada, símbolo da resistência, juntas, podem transmitir uma mensagem do tipo: "enquanto houver resistência haverá esperança". 



SUGESTÕES PARA TRABALHAR O CUBISMO NA ESCOLA

O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os como se movimentassem em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo todos os planos e volumes. As principais características são a geometrização das formas e volumes; a renúncia à perspectiva; o claro-escuro perde sua função; representação do volume colorido sobre superfícies planas; sensação de pintura escultórica; cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave.
A pintura não é feita para decorar apartamentos. É um instrumento de guerra para operações de defesa e ataque contra o inimigo.  E como instrumento de guerra Picasso usou o pincel: em branco e preto retratou todo o horror de homens, mulheres e crianças, mutilados de forma magistralmente trágica. E criou Guernica.


                Para quem não sabe, auto-retrato é um retrato que a pessoa faz dela mesma. Você vai precisar de:
  • Uma foto sua
  • Cola e tesoura
  • Papel branco e colorido
  • Lápis de cor, hidrocores ou giz de cera
                Depois de navegar pelos sites de Picasso, especialmente pela exposição dos retratos, pegue uma foto sua (que você tenha cópia e possa estragar) e corte em pedacinhos. Monte de novo como se fosse um quebra-cabeça, e agora dê umas mexidas: troque umas peças de lugar, vire outras de cabeça para baixo, uma entortadinha aqui, outra ali. Faça do jeito que você achar mais legal, no estilo que você percebeu nos quadros de Picasso. Quando estiver pronto, cole os pedacinhos numa folha, na posição que você mais gostou. Agora, usando a colagem como modelo, desenhe e pinte seu auto-retrato em outra folha, usando lápis de cor, hidrocores, giz ou pedacinhos de papel colorido.

                Teatro
Depois de estudar um pouco sobre a vida e a obra de Picasso, alunos de uma escola primária americana inventaram uma peça de teatro em que os personagens são as pessoas que aparecem nos quadros. Elas conversam sobre as relações entre si e com o pintor.








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